sábado, 25 de setembro de 2010

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2000 - ECUMÊNICA



No Brasil, de 1964 para cá, a cada ano, sempre durante a quaresma, a igreja tem realizado a chamada Campanha da Fraternidade. Esse gesto tem feito com que a sociedade olhe mais de perto e com maior seriedade para aqueles problemas que tanto a afligem.

A Campanha da Fraternidade procura encarar a problemática social a partir da fé no Cristo crucificado e ressuscitado e, à luz dessa mesma fé, esforça-se por apresentar as devidas soluções.

Como vemos, o seu objetivo não é resolver os problemas da sociedade, mas despertar a nossa consciência, na qualidade de cristãos e cidadãos que somos, a fim de que nos interessemos pela realidade que está ao nosso redor e dela tomemos parte, procurando transformá-la.

Neste ano do Jubileu do nosso Salvador, a Campanha da Fraternidade ganhará um caráter ecumênico. Isto significa que ela não será obra apenas da Igreja Católica, mas fruto do diálogo e do esforço comum de outras igrejas cristãs.

Trata-se, então, do trabalho conjunto de homens e mulheres que, movidos pela mesma fé, descobrem que apesar das diferenças, existe algo muito maior que nos une: o ideal cristão.

A Campanha da Fraternidade 2000-ecumênica traz como tema Dignidade Humana e Paz e como lema Novo Milênio sem exclusões.

À diferença dos anos anteriores, em que cada campanha abordava uma única questão social, a Campanha da Fraternidade deste ano resolveu lançar seu olhar sobre toda a grande problemática que envolve a sociedade brasileira.

O texto-base, que serve de subsídio para os agentes de pastoral, apresenta o conteúdo da campanha em três momentos diferentes: o primeiro trata da dignidade ferida nos porões da vida. Aqui são abordadas aquelas situações-limites de que a própria sociedade se envergonha e se escandaliza. Por exemplo, o tráfico de crianças, o trabalho escravo, a prostituição, etc. No segundo momento, o texto fala da dignidade ferida à luz do sol. Aí se trata das situações com as quais a sociedade convive naturalmente sem chegar a escandalizar-se. É o caso do desrespeito à dignidade do índio, do negro, e da mulher. Por último o texto enfatiza os bastidores, ou seja, o porquê de tudo isso. E termina convidando a todos para a promoção da dignidade humana e da paz.

Nos 2000 anos do nascimento do nosso Mestre e Senhor e dos 500 anos de história do nosso país, nada mais justo do que realmente unir nossas forças e, irmanados em torno do único Evangelho de Jesus Cristo, procurar construir uma sociedade nova onde de fato reinem o amor, a justiça, a dignidade e a paz.



Pe. José Gonçalves

Casas Populares

Senhor do Bonfim – Bahia

Nota: publicado, originalmente, no jornal “A Voz da Tapera”, Senhor do Bonfim – Bahia - abril de 2000.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

40 ANOS DE SACERDÓCIO

Sua poesia encanta e liberta. É como o pão que alimenta e a água que mata a sede. Semelhante ao oásis que, apesar da inclemência do deserto, não perde a vitalidade.

Sua poesia canta a terra, canta a justiça, canta a vida... É anúncio, é denuncia... Grito sublime a ecoar nos céus do sertão.

O poeta é também pastor, ou o pastor é também poeta. Ou melhor, um é o outro. Pois o coração é único e o amor que conduz o poeta e o pastor faz com que a poesia e o pastoreio sejam vividos na mesma intensidade de forma conciliada.

Quarenta anos de consagração. O poeta e pastor faz-se dom de si mesmo na caridade pastoral. Quarenta anos de entrega a Deus e ao outro. Vinte anos de padre, 20 anos de bispo. O fruto do seu pastoreio e da sua poesia é visto, é sentido..., é saboreado: a santificação das ovelhas lhes entregues.

Seu ideal é o Reino, projeto do Pai assumido pelo Filho e, por meio deste, confiado aos de boa vontade. No Reino dar-se-á a concretização da verdadeira poesia.

Paróquia de santo Antônio de Jesus; Paróquia de Jequié. Lá estão plantadas as sementes da sua poesia; lá, o seu testemunho de servo perpassa o tempo e a história.

Diocese de Bonfim. Esta desfruta do privilégio de tê-lo como pastor. De ouvir de perto o mavioso cantar do filho de Castro Alves.

Salve Dom Jairo, nestes 40 anos de sacerdócio.

Que o Deus da vida continue a guiar os seus passos de pastor e poeta.

Por José Gonçalves

Seminário Nossa Senhora do Bom Conselho – Ilhéus – Bahia

Nota: publicado, originalmente, no jornal A Tarde, de Salvador, em 08 de dezembro de 1994.

20 ANOS DE PASTOREIO

A Diocese de Bonfim está celebrando 20 anos de caminhada, ao lado do seu quinto pastor, D. Jairo Ruy Matos da Silva.

Este momento marca profundamente a história da igreja de Bonfim e revigora a fé de um povo que muito ama o seu pastor.

Amigo, irmão, bispo e pastor, D. Jairo, ao longo desses anos, sem medir esforços na sua prática pastoral e entregue inteiramente à causa do Reino de Deus, tem levado o Evangelho a todos os recantos da diocese. O fruto do seu trabalho é testemunhado pelas comunidades eclesiais de base, pelos grupos de catequese, pelas pastorais sociais e pelo despertar das vocações cristãs, especialmente as religiosas e sacerdotais.

Quero, com meus colegas seminaristas, unir-me à minha diocese e ao meu bispo para que juntos louvemos a Deus por tão maravilhosa dádiva. Que o Deus de Jesus continue a guiar os passos de D. Jairo e da Diocese de Bonfim.

Jose Gonçalves

Seminário N. S. do Bom Conselho, Ilhéus-BA

Nota: publicado, originalmente, no jornal A Tarde, de Salvador, em 08 de junho de 1994.

PREFÁCIO AO LIVRO "PÁGINAS BONFINENSES" DE PAULO BATISTA MACHADO

À GUISA DE PREFÁCIO

Procurai que, quando ler o vosso livro, o melancólico se alegre e solte uma risada, que o risonho quase endoideça de prazer, o simples se não enfade, o discreto se admire da vossa intenção, o grave a não despreze, nem o prudente deixe de gabá-la.

Miguel de Cervantes Saavedra

Este é mais um trabalho da lavra do professor Paulo Batista Machado. Páginas Bonfinenses é uma coletânea composta de 20 crônicas que versam sobre pessoas e fatos da história de Senhor do Bonfim. Misto de prosa e poesia, de realismo e ficção, a obra que ora vem a lume, é mais uma prova da versatilidade literária do já celebrado escritor grapiúno-bonfinense.

Obedecendo ordem temática e não cronológica, os textos contidos em Páginas Bonfinenses apresentam três eixos temáticos. No primeiro, desfilam as grandes mulheres: Oriana Carvalho, professora e poetisa, de quem o autor guarda as melhores recordações; Pró Zenaura Campos, a eterna e inesquecível mestra do Campo do Gado; dona Alayde Sena Gomes, a abnegada diretora da Pia União das Filhas de Maria, entre outras.

O segundo eixo é o dos grandes homens. Aí estão, além de outros, Dom Antônio Mendonça Monteiro, o dinâmico e virtuoso prelado que governou a Igreja de Bonfim entre os anos de 1957 e 1972; Dom Jairo Ruy Matos da Silva, o bispo poeta que implantou na Diocese as Comunidades Eclesiais de Base; Jonas Costa, o prefeito ingênuo e sonhador que não se cansava de repetir: “Machado, o povo precisa de mim”. Sem esquecer, é claro, do velho e bom Lamartine Lima, o “umbuzeiro do sertão”, na expressão laudatória do seo Oldon Machado, pai do nosso cronista.

No terceiro eixo, após duas belíssimas e bem humoradas crônicas, tendo como protagonistas uma, a copa do mundo, a outra, a suposta presença do temeroso chefe da Al Qaeda em nossa cidade, Machado se atém sobre fatos do cotidiano de Senhor do Bonfim. São registrados, assim, o triste fim do BANEB, o malfadado Banco do Estado da Bahia; os dez anos do Programa Cidade Aberta, do nosso Eloilto Cajuy, “o dono das tardes bonfinenses” e o apelo que o autor, como homem de fé, dirige aos superiores redentoristas, pedindo a permanência daquela congregação na paróquia-mãe da nossa Diocese.

Fruto da pena prodigiosa de Paulo Batista Machado, os textos encerrados em Páginas Bonfinenses, encantam por sua leveza e literariedade absoluta. É impossível iniciar a leitura de qualquer um deles e não se ir até o final. Ao percorrer as páginas que se seguem o leitor, com certeza, deparar-se-á com um subsídio de raro valor histórico e elevada beleza literária.

José Gonçalves do Nascimento

(Presidente da Academia de Ciências, Artes e Letras de Senhor do Bonfim - ACLASB)