segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O SANTO NATAL


O Santo Natal, uma das festas maiores do mundo cristão, começou a ser celebrado logo cedo. Um calendário romano do ano 534, já dava conta da existência dessa festa no dia 25 de dezembro, dia do “Sol Invictus”, uma das tantas manifestações “pagãs” superadas pelo cristianismo. O costume foi se difundindo e a festa que, no início, era celebrada só em Roma, ganha o mundo, atravessa os séculos e chega ao nosso tempo, nos cobrindo de luz e nos cumulando de vida.

A celebração do Natal nos conduz àquele evento único no qual Deus se fez conhecer, tornando-se carne e habitando entre nós (Cf. Jo 1,14). Tal evento, nós o chamamos de revelação divina. Deus na sua infinita bondade quis comunicar a sua vida aos homens. É o que expressa o Concílio Vaticano II:”Aprouve a Deus, em sua sabedoria, revelar-se a si mesmo e tornar conhecido o mistério de sua vontade, pelo qual os homens por intermédio de Cristo, verbo feito carne, no seu Espírito Santo, têm acesso ao pai e se tornam participantes da natureza divina” (Dei Verbum 2).

Por amor a nós, Deus, que é todo poderoso, se faz pequeno, chegando mesmo a se anular. “O todo entra no fragmento”, o imutável se torna efêmero, a própria eternidade entra no tempo e se submete aos limites impostos por este.

Parece por demais paradoxal, mas tudo isto deve ser visto a partir do projeto da salvação divina, projeto este, que se concluirá com a paixão, morte e ressurreição do Senhor.

Neste sentido, o Natal é já o começo da redenção salvifica, uma vez que o encontro do divino com o humano devolve ao homem e à mulher a sua dignidade e os introduz em uma vida nova e plena.

O Natal tem também a sua dimensão cósmica. Na encarnação Cristo reintegra o universo inteiro. Assim reza o segundo prefácio do Natal do Senhor, conforme o Missal Romano: “Ele, no mistério do Natal que celebramos invisível na sua divindade, tornou-se visível em nossa carne. Gerado antes do tempo, entrou na história da humanidade para erguer o mundo decaído. Restaurando a integridade do universo, introduz no reino dos céus, o homem redimido”.

É necessário, pois, abrir o coração para acolher esse dom imenso, fruto do amor misericordioso do Pai. Essa será a nossa resposta. Assim estaremos fazendo com que o espírito do Natal penetre o mundo e o transforme.

O Natal interpela a nossa fé e a nossa consciência. Ora, como é possível vivenciar algo tão profundo sendo indiferente a tantos problemas que, a nossa volta, atropelam o plano de Deus?

Celebrar o nascimento de Deus que se faz história é comprometer-se com essa mesma história procurando devolver a ela a sua dignidade. Desta forma, estaremos favorecendo cada vez mais o “encontro admirável” entre o céu e a terra.

José Gonçalves do Nascimento

(Presidente da Academia de Ciências, Artes e Letras de Senhor do Bonfim - Bahia)

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