Neste verso de cordel
Vou tratar d’um brasileiro
Que nasceu em Cantagalo
Estado, Rio de Janeiro
E tornou-se escritor
Falado no mundo inteiro.
Falo de Euclides da Cunha
Autor imortalizado
Nascido no mês janeiro
Conforme foi registrado
Do ano sessenta e seis
Do século retrasado.
Tinha ele uns três anos
Quando a sua mãe morreu
Indo morar em seguida
Com familiares seus
Em cidades diferentes
Daquela em que nasceu.
Ao completar oito anos
Seus estudos inicia
Inaugurando uma fase
Onde muito brilharia
Como aluno inteligente
A ter sempre a primazia.
Quando tinha onze anos
Foi morar em Salvador
Na casa de uma avó
Que dele se ocupou
Colocando-o inclusive
Numa escola de valor.
Na terra de Castro Alves
Por dois anos conviveu
Retornou depois ao Rio
Pra continuar com os seus
Foi pra casa de um tio
Que de pronto o acolheu.
No ano de oitenta e três
Do século mencionado
Era Euclides estudante
N’um colégio refinado
Onde Benjamim Constant
Era mestre disputado.
Ao completar vinte anos
Ele passa a frequentar
O curso de engenheiro
Pela escola militar
Mas pouco tempo depois
Expulsaram-no de lá.
E por que o expulsaram?
Damos já a explicação:
Euclides não aceitava
O regime de então
E propagava a República
Com muita convicção.
Certa feita na escola
Ele saca sua espada
E diante d’um ministro
A deixa despedaçada
Sendo preso em seguida
E expulso sem maçada.
Transcorria mil oitocentos
e oitenta e oito - o ano
Nosso herói troca o Rio
Pelo solo paulistano
Onde escreve na “Província”
Um jornal republicano.
Após quinze de novembro
A República já vigente
Ele volta ao Exército
Como segundo-tenente
E no curso de engenheiro
Inscreve-se novamente.
Em mil oitocentos e
Noventa - diz o roteiro:
Nosso Euclides da Cunha
Casa com Ana Ribeiro
Que era filha d’um major
Do Exército Brasileiro.
Quando o vice Floriano
Se tornou o presidente
Chamou Euclides da Cunha
E lhe disse incontinenti:
- podes escolher o cargo
que te for conveniente.
Porém Euclides da Cunha
Outra coisa lhe pediu:
Que lhe fosse conferido
O que a lei lhe garantiu
Um período de estágio
Lá na “Central do Brasil”.
Um mil oitocentos e
noventa e dois - historia
Nosso jovem se formava
No curso de engenharia
Assumindo uma carreira
Que muito o elevaria.
No ano noventa e quatro
Euclides vai defender
Os rebeldes da armada
Condenados a morrer
Por ordem d’um presidente
Sequioso de poder.
Ao completar trinta anos
Euclides se desvencilha
Do Exército Brasileiro
Pra seguir a sua trilha:
Na lide de engenheiro
Onde avança, cresce e brilha.
No ano noventa e sete
Do século em questão
Viaja para Canudos
Por ordem do “Estadão”
Para cobrir o conflito
Que devorava o sertão.
Durante todo o período
Que passou lá em Canudos
Atuou com heroísmo
Escrevendo sobre tudo
Transformando tudo aquilo
Em objeto de estudos.
De volta para São Paulo
Reassume a sua lida
E São José do Rio Pardo
Passa a ser a sua guarida
Ali constrói uma ponte
Orgulho da sua vida.
Mil novecentos e dois
Foi ano do lançamento
Do seu livro, “Os Sertões”
Uma obra de talento
Que marcou sobremaneira
A história do pensamento.
Em três partes se divide
Essa obra colossal
A terra, O Homem, A Luta
De forma sequencial
O que a torna sedutora
Do começo ao final.
O livro faz um relato
Com muita propriedade
Da guerra que afetou
Nossa nacionalidade
E afundou muitos irmãos
No vale da mortandade.
Uma das primeiras obras
Que então se redigiu
Sobre a Guerra de Canudos
Os Sertões contribuiu
Pra perpetuar o fato
Na memória do Brasil.
Tamanho foi o sucesso
Desse livro grandioso
Que imediatamente
Euclides ficou famoso
Consagrando-se pra sempre
Literato talentoso.
Mil novecentos e três
Ele ascende ainda mais
E começar a figurar
Na lista dos imortais
Da Academia de Letras
Meca de intelectuais.
No ano subsequente
Pra Amazônia ele embarca
E a fronteira com Peru
O nosso herói demarca
Deixando naquelas plagas
Para sempre a sua marca.
Terminado seu trabalho
E cumprido seu mister
Ele arruma sua bagagem
E retorna a seu “chalé”
Pra rever os seus amigos
Seus filhos e sua mulher.
Vai pra cidade do Rio
Onde volta a residir
Ao lado da sua família
Que já se encontrava ali
E lá passa a trabalhar
Junto ao Itamaraty.
Mil novecentos e nove
É o ano da sua morte
Pereceu de arma em punho
Lutando c’um rapazote
Conhecido Dilermando
Amante de sua consorte.
Pus em verso a trajetória
Desse vulto sem igual
Exemplo incomparável
De grande intelectual
Que tanto contribuiu
Pra cultura nacional.
José Gonçalves do Nascimento
(Membro da Academia de Letras, Artes e Ciências de Senhor do Bonfim)
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josé..
ResponderExcluirgraças a poetas como vc, q pessoas ignorantes como eu, rsrs passam a conhecer melhor uma parte importante da nossa história.
eu fiquei emocionada ao ler cada verso q compunha a vida e trajetória desse guerreiro q foi Euclides da Cunha.
obrigada josé e parabéns pelo lindo trabalho!
sua amiga: Rozeli Andrade
Obrigada, amiga contente em receber seu comentário! Obrigado pelo elogio.
ResponderExcluirabraços