terça-feira, 10 de novembro de 2009

O POETA DOS SERTÕES - 100 ANOS DA MORTE DE EUCLIDES DA CUNHA

Neste verso de cordel

Vou tratar d’um brasileiro

Que nasceu em Cantagalo

Estado, Rio de Janeiro

E tornou-se escritor

Falado no mundo inteiro.


Falo de Euclides da Cunha

Autor imortalizado

Nascido no mês janeiro

Conforme foi registrado

Do ano sessenta e seis

Do século retrasado.


Tinha ele uns três anos

Quando a sua mãe morreu

Indo morar em seguida

Com familiares seus

Em cidades diferentes

Daquela em que nasceu.


Ao completar oito anos

Seus estudos inicia

Inaugurando uma fase

Onde muito brilharia

Como aluno inteligente

A ter sempre a primazia.


Quando tinha onze anos

Foi morar em Salvador

Na casa de uma avó

Que dele se ocupou

Colocando-o inclusive

Numa escola de valor.


Na terra de Castro Alves

Por dois anos conviveu

Retornou depois ao Rio

Pra continuar com os seus

Foi pra casa de um tio

Que de pronto o acolheu.


No ano de oitenta e três

Do século mencionado

Era Euclides estudante

N’um colégio refinado

Onde Benjamim Constant

Era mestre disputado.


Ao completar vinte anos

Ele passa a frequentar

O curso de engenheiro

Pela escola militar

Mas pouco tempo depois

Expulsaram-no de lá.


E por que o expulsaram?

Damos já a explicação:

Euclides não aceitava

O regime de então

E propagava a República

Com muita convicção.


Certa feita na escola

Ele saca sua espada

E diante d’um ministro

A deixa despedaçada

Sendo preso em seguida

E expulso sem maçada.


Transcorria mil oitocentos

e oitenta e oito - o ano

Nosso herói troca o Rio

Pelo solo paulistano

Onde escreve na “Província”

Um jornal republicano.


Após quinze de novembro

A República já vigente

Ele volta ao Exército

Como segundo-tenente

E no curso de engenheiro

Inscreve-se novamente.


Em mil oitocentos e

Noventa - diz o roteiro:

Nosso Euclides da Cunha

Casa com Ana Ribeiro

Que era filha d’um major

Do Exército Brasileiro.


Quando o vice Floriano

Se tornou o presidente

Chamou Euclides da Cunha

E lhe disse incontinenti:

- podes escolher o cargo

que te for conveniente.


Porém Euclides da Cunha

Outra coisa lhe pediu:

Que lhe fosse conferido

O que a lei lhe garantiu

Um período de estágio

Lá na “Central do Brasil”.


Um mil oitocentos e

noventa e dois - historia

Nosso jovem se formava

No curso de engenharia

Assumindo uma carreira

Que muito o elevaria.


No ano noventa e quatro

Euclides vai defender

Os rebeldes da armada

Condenados a morrer

Por ordem d’um presidente

Sequioso de poder.


Ao completar trinta anos

Euclides se desvencilha

Do Exército Brasileiro

Pra seguir a sua trilha:

Na lide de engenheiro

Onde avança, cresce e brilha.


No ano noventa e sete

Do século em questão

Viaja para Canudos

Por ordem do “Estadão”

Para cobrir o conflito

Que devorava o sertão.


Durante todo o período

Que passou lá em Canudos

Atuou com heroísmo

Escrevendo sobre tudo

Transformando tudo aquilo

Em objeto de estudos.


De volta para São Paulo

Reassume a sua lida

E São José do Rio Pardo

Passa a ser a sua guarida

Ali constrói uma ponte

Orgulho da sua vida.


Mil novecentos e dois

Foi ano do lançamento

Do seu livro, “Os Sertões”

Uma obra de talento

Que marcou sobremaneira

A história do pensamento.


Em três partes se divide

Essa obra colossal

A terra, O Homem, A Luta

De forma sequencial

O que a torna sedutora

Do começo ao final.


O livro faz um relato

Com muita propriedade

Da guerra que afetou

Nossa nacionalidade

E afundou muitos irmãos

No vale da mortandade.


Uma das primeiras obras

Que então se redigiu

Sobre a Guerra de Canudos

Os Sertões contribuiu

Pra perpetuar o fato

Na memória do Brasil.


Tamanho foi o sucesso

Desse livro grandioso

Que imediatamente

Euclides ficou famoso

Consagrando-se pra sempre

Literato talentoso.


Mil novecentos e três

Ele ascende ainda mais

E começar a figurar

Na lista dos imortais

Da Academia de Letras

Meca de intelectuais.


No ano subsequente

Pra Amazônia ele embarca

E a fronteira com Peru

O nosso herói demarca

Deixando naquelas plagas

Para sempre a sua marca.


Terminado seu trabalho

E cumprido seu mister

Ele arruma sua bagagem

E retorna a seu “chalé”

Pra rever os seus amigos

Seus filhos e sua mulher.


Vai pra cidade do Rio

Onde volta a residir

Ao lado da sua família

Que já se encontrava ali

E lá passa a trabalhar

Junto ao Itamaraty.


Mil novecentos e nove

É o ano da sua morte

Pereceu de arma em punho

Lutando c’um rapazote

Conhecido Dilermando

Amante de sua consorte.


Pus em verso a trajetória

Desse vulto sem igual

Exemplo incomparável

De grande intelectual

Que tanto contribuiu

Pra cultura nacional.



José Gonçalves do Nascimento

(Membro da Academia de Letras, Artes e Ciências de Senhor do Bonfim)

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2 comentários:

  1. josé..
    graças a poetas como vc, q pessoas ignorantes como eu, rsrs passam a conhecer melhor uma parte importante da nossa história.
    eu fiquei emocionada ao ler cada verso q compunha a vida e trajetória desse guerreiro q foi Euclides da Cunha.

    obrigada josé e parabéns pelo lindo trabalho!
    sua amiga: Rozeli Andrade

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  2. Obrigada, amiga contente em receber seu comentário! Obrigado pelo elogio.
    abraços

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