sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

TEMPERO DE DOR

As linhas que traço,
com mão em embaraço
São linhas marcadas
e um tanto frustradas.
Têm traços de dor,
Contém dissabor.
Desejo de ir,
Quem tá pra cair.
A fome no pé,
Um passo sem fé.
Caminho lamento,
De tanto tormento.
Na margem da vida,
Vida ferida.
Braços ao léu,
Carne de réu.
Olhos penosos,
E mui vergonhosos.
Passo calado,
Mundo inacabado.
Inóspito berço,
Melhor não mereço.
Sangue marcado
Por traços antigos,
E casos ambíguos.
Tantos legados,
Direitos negados.
Fome no peito,
Angústia no eito.
Cabeça perdida,
Ideia desnutrida.
Entranhas entaladas,
Vidas roubadas.
Frágil pudor,
Tempero de dor.
Resíduo de povo,
Jamais o renovo.
Resto humano,
Ser leviano.
Sinônimo de nada,
Roseira orvalhada.
Quando será!?

José Gonçalves

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