quarta-feira, 17 de junho de 2009

ANTÔNIO CONSELHEIRO: LIDER POPULAR


Dentre as muitas lideranças populares que fizeram história neste país, a que mais se destacou foi Antônio Vicente Mendes Maciel, ou Antônio Conselheiro, como ficou conhecido por essas paragens. Nascido no dia 13 de março de 1830, na Vila do Campo Maior de Quixeramobim, na então província do Ceará, Antônio, logo cedo, tornou-se órfão de mãe, ficando daí por diante sob os (des) cuidados da madrasta. Mais tarde, ao perder o pai, vê-se obrigado a cuidar de três irmãs de menor idade. Casou-se com uma prima que, anos depois, o abandonou fugindo com um furriel da polícia do Ceará. Assumiu os negócios do genitor, mas não obtendo sucesso, deles se desfez vindo a desempenhar outros ofícios. Trabalhou como caixeiro viajante, construtor civil, rábula e professor. Em seguida investiu-se da missão de beato e passou a peregrinar pelos sertões do Nordeste fazendo sermões e construindo igrejas, cemitérios e aguadas.

Em 1874, apareceu em Sergipe, vindo, em seguida, a migrar para a Bahia. Após percorrer grande parte do Nordeste baiano, em 1893 se fixou em Canudos onde instalou uma comunidade que ele mesmo batizou de Belo Monte. Pautada na oração e na vida comunitária, a comuna sertaneja, em apenas quatro anos de existência, reuniu uma população cujas estimativas oscilaram entre 10 e 30 mil almas. Em 1896, o Estado, com o apoio da Igreja e dos fazendeiros, resolveu pôr fim àquela experiência dando início a uma guerra que durou um ano (1896-1897) e custou a vida de milhares de pessoas entre soldados e sertanejos.

Firme nas suas convicções, Antônio Conselheiro, em momento algum se deixou intimidar. Mesmo nos momentos de perseguição e humilhação, soube se portar com equilíbrio e serenidade. Foi, todavia, rigoroso no combate à arrecadação de impostos, à escravidão, à República e ao casamento civil. Com a mesma veemência, defendeu a fé católica e os valores morais dos sertanejos, ensinando a prática do perdão, da obediência, do respeito, da oração e do amor ao próximo. Repeliu o furto, a violência, o adultério, a prática da prostituição e toda sorte de vícios. Trajava túnica de algodão e dormia frequentemente em cima de uma esteira. Nas suas peregrinações pelas terras calcinadas do Nordeste, andava quase sempre a pé. O seu dia-a-dia era voltado para o trabalho, o aconselhamento e a oração.

Indignado com o sofrimento do povo nordestino, resolveu fundar uma comunidade onde as pessoas pudessem desfrutar de vida digna, respeito e solidariedade. Seria o primeiro passo para a libertação total, quando todos viveriam livres de qualquer jugo ou dominação. Este sonho, ele levou até as últimas conseqüências, resultando na guerra que maculou a história do Brasil: A Guerra de Canudos.

José Gonçalves Nascimento

Senhor do Bonfim - Bahia

Nenhum comentário:

Postar um comentário