
De novembro de
Para exterminar a experiência sertaneja, tida como monarquista, o Estado Brasileiro, com o apoio da Igreja e dos fazendeiros, mandou ao sertão da Bahia nada menos que quatro expedições militares, totalizando um contingente de cerca de doze mil homens em armas, mais da metade do efetivo do Exército naquele tempo.
A capacidade bélica dos sertanejos, inicialmente subestimada, surpreendeu os adversários. A cada batalha travada, as forças legais sofriam novas baixas e o poder de fogo dos canudenses saía fortalecido. As três primeiras expedições, que juntas totalizavam mais de dois mil soldados, foram fragorosamente esmagadas.
As sucessivas derrotas puseram em pânico o Governo da República que passou a ver em Canudos um perigo cada vez mais real e assustador. Impunha-se, portanto, que se tomassem medidas mais enérgicas. Afinal de contas – acreditava-se – era o destino da República que se encontrava em jogo.
O Governo não tardou e uma nova expedição foi mandada às terras sertanejas, desta feita, com quase dez mil soldados, além dos reforços posteriores. As elites, então, puderam respirar aliviadas. Canudos, finalmente, estava liquidado. No conflito, morreram cinco mil soldados e todos os habitantes do Belo Monte, estes últimos estimados em aproximadamente quinze mil almas. Deste modo, Canudos entra para a história como o maior e mais violento massacre já ocorrido em terras brasileiras.
Ao fechar sua obra maior – Os Sertões – livro em que narrou o episódio de Canudos, o ensaísta Euclides da Cunha assim se expressava: “Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo na precisão integral do termo, caiu no dia 5 (de outubro de 1897), ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados”.
Era a constatação, por parte de um membro da elite letrada do Brasil, de que o extermínio material de Canudos não implicava necessariamente no extermínio da utopia de Antonio Conselheiro. Canudos, de fato, não morreu. E como diz o poeta, ele “Está vivo na união, tá na fé no coração... Tá no homem, na mulher/... tá na terra na alegria/no amor, na rebeldia”.
José Gonçalves do Nascimento
Senhor do Bonfim - Bahia
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