quarta-feira, 17 de junho de 2009

FREI APOLÔNIO DE TODI: "O APÓSTOLO DOS SERTÕES"



Na região da Úmbria, próximo a Assis, está Todi. Nessa cidade do centro da Itália nasceu Frei Apolônio que, entre nós, celebrizou-se como Frei Apolônio de Todi, numa alusão à sua terra de origem.

Frei Apolônio nasceu em 23 de janeiro de 1747. Ainda muito jovem ingressou na Ordem dos Capuchinhos. Foi ordenado sacerdote em 1772, contando então com 25 anos de idade. Poucos anos depois, transferiu-se para o Brasil, onde viveu sua vocação missionária. Morreu no dia 14 de julho de 1828.

Sem dúvida, Frei Apolônio de Todi foi o primeiro religioso a adentrar as nossas caatingas para realmente missionar. Podemos dizer que o Evangelho entrou no sertão através do seu verbo e do seu testemunho.

Euclides da Cunha chegou a chamá-lo de “apóstolo dos sertões”. Quis o célebre escritor, dessa forma, reconhecer o talento e a bravura do capuchinho, mostrando a importância do mesmo na formação da nossa história regional.

Em grande parte da Bahia o frade italiano deixou sua marca. Do sertão, passando pelo Recôncavo, ele chegou até o sul do Estado. Muitas cidades por onde passou, guardam ainda um sinal da sua atuação missionária.

Conforme atesta o Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho, “em 1782, auxiliando o Visitador arquidiocesano, [Frei Apolônio] fez-se presente em trinta e uma freguesias. Em 1785, como exímio pregador de missões, percorreu vinte e três cidades e povoações, desde Abrantes e Geremoabo até Olivença e Almada, além de muitos outros lugarejos. Tal sua dedicação à causa divina, que não podia tolerar uma igreja estragada ou em ruína. Onde quer que encontrasse alguma nesse estado, tanto falava, e pregava, e insistia que lhe promovia imediatamente a restauração”. (http://www.catedralgo.com.br/).

Todavia, é no sertão que está a sua obra maior: Monte Santo.

Até 1775, Monte Santo era um pequeno logradouro chamado Pico Araçá, possessão da Casa da Torre. Frei Apolônio que missionava no Massacará, vez por outra ali ia para celebrar sacramentos. Numa dessas visitas se encantou com o monte à sombra do qual se situava o dito logradouro. Achou-o parecido com o Monte Sião. Então convidou o povo a subir até o ponto mais alto, onde uma cruz foi plantada. Daquele dia em diante, o monte passou a chamar-se Monte Santo e com esse mesmo nome foi batizado o vilarejo.

Era 1º de novembro. Naquele dia foi realizada a primeira romaria da Santa Cruz que, a pedido do religioso, deveria se seguir a cada ano, no dia de Todos os Santos. A palavra do frade foi ouvida, o costume se propagou e Monte Santo se transformou em terra de romaria.

Sobre o monte, num percurso de três mil metros, fez-se um caminho de pedra ao longo do qual se construíram 25 capelinhas, culminando com uma capela maior, onde é venerada a Santa Cruz. A tradição ultrapassa dois séculos e, já desde muito, as romarias não acontecem apenas no dia primeiro de novembro, mas durante todo o ano.

Anos depois Monte Santo é elevado à categoria de freguesia (1790) dedicada, por sua vez, ao Sagrado Coração de Jesus, como o é, ainda hoje.

Frei Apolônio de Todi é, portanto, o baluarte da nossa história; o fundador de Monte Santo. Seu nome é fundamental na memória da nossa terra. A ele devemos muito. O imenso patrimônio de que somos possuidores é fruto de seu labor missionário. Graças a ele, Monte Santo nasceu e se criou sob o signo da fé.

É muito lamentável que na cidade de Monte Santo, a homenagem a uma figura de tamanha envergadura, não passe de uma simples ruela escondida por trás da igreja matriz. Nosso bravo missionário não mereceria coisa maior?


José Gonçalves do Nascimento

Senhor do Bonfim

2 comentários:

  1. Sou de monte Santo e preciso de cartas do Frei que possa fundamentar minha pesquisa sobre os Índios Massacaras e Kiriri. Ficarei grato no que possa me ajudar. romeromix@hotmail.com

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  2. Olá! Sou de Senhor do Bonfim, estou realizando meu trabalho de conclusão de curso, gostaria de saber se você tem algum material ou me indica(fotos, jornais, textos, livros...) que retratem o inicio da formação de Senhor do Bonfim, especialmente sobre a passagem dos tropeiros e dos aldeamentos dos indigenas, das missões religiosas.
    Desde já muito obrigada!
    elainelulinha@hotmail.com

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