quarta-feira, 17 de junho de 2009

AS CEBs NA DIOCESE DE BONFIM



Entre os anos 1960 e 1980 a América Latina conhece um novo modelo de Igreja. Trata-se das comunidades eclesiais de base – CEBs. Este novo modelo de Igreja surge como resultado da renovação proposta pelo Concílio Vaticano II (1962/1965) e das reflexões suscitadas pelas conferências episcopais de Medellin (1968) e Puebla (1979). A partir da opção preferencial pelos pobres, assumida durante essas conferências dos bispos latino-americanos, segmentos significativos da Igreja Católica, passam a adotar uma ação pastoral, com base nas comunidades mais pobres, e pautada em uma práxis político-libertadora que questionava as estruturas de poder – marcadamente opressoras – e ao mesmo tempo propugnava a total emancipação dos pobres e oprimidos.

Um especialista no assunto diz que
“nos anos 70 e início dos 80, falava-se muito no impacto da atuação das CEBs no campo sócio-político, enquanto geradoras de uma nova consciência das camadas populares e fator de grande importância no processo de libertação dos pobres.” (http://www.pime.com.br). Essas pequenas comunidades passaram a ser tidas como um “novo sujeito popular” com engajamento no processo de reversão da situação de pobreza e na luta por uma sociedade mais justa e mais fraterna.

A diocese de Bonfim não demorou muito a assumir esse modelo de Igreja. Com a chegada do dispo D. Jairo Ruy Matos da Silva em 1974, e de uma gama considerável de clérigos e religiosos de dentro e de fora do Brasil, a diocese assume um novo rumo na sua caminhada, optando por uma pastoral mais comprometida com a causa dos pobres. É o que lemos nas Diretrizes Pastorais da Diocese de Bonfim, de 1997:
“Em nossa diocese, (...) entendemos que era preciso começar a viver em pequenas comunidades, como em outras partes do Brasil e da América Latina. As CEBs, este novo jeito de ser Igreja, ligando a fé com a vida, fez descobrir no povo a vocação de evangelizador, tomando consciência da grande diferença entre ricos e pobres, até assumir a opção preferencial pelos pobres, priorizando trabalhar nas CEBs, com lavradores, jovens do meio popular e grupos organizados”. (Diretrizes Pastorais da Diocese de Bonfim, Ed. Fonte Viva, Paulo Afonso, 1997, p. 4).

Em grande parte das paróquias da diocese a pastoral passou a ser organizada a partir da formação de pequenas comunidades cristãs. “Animadas” por lideranças locais, essas comunidades se consagraram como espaços privilegiados de luta por direitos elementares e de vivência de uma fé cristã encarnada na realidade social. À luz desta fé, as pessoas, se lançavam na luta pela supressão dos problemas que afligiam a comunidade, como a injustiça social, o desemprego, a falta de água, a falta de pão, a falta de educação, a falta de terra, o cabresto eleitoral, o sindicato pelego, etc.

Esse momento viria a culminar com o processo de redemocratização ocorrido no país durante, praticamente, toda a década de 1980.

José Gonçalves do Nascimento
Senhor do Bonfim - Bahia

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