
Bahia de todos os santos,
Pelourinho de todos os homens
e de todos os deuses.
Palco de magia,
coração de Salvador.
Ladeira de dor,
odor de sangue negro,
rastro de escravidão.
Em cada pedra,
fragmentos de história;
em cada fachada,
o sorriso mal engendrado
de uma época
em que o lúdico e a agonia
se completavam;
em cada beco,
o caminho de um passado inglório;
em cada templo,
o olhar amargo do deus colonial.
...
Quão és cruel ó Pelourinho!
Ao teu pé vi gemer meus ancestrais.
O grito de outrora
ainda ecoa.
Ecoa na lira de Castro Alves,
na melodia de Caymi,
na prosa de Amado,
no batuque do Olodum,
na marcha dos Filhos de Gandhi
no canto de Daniela...
Tu ainda não és livre, ó Pelourinho;
ao teu pé ainda ouço gemidos.
Porventura ainda não esquecestes o passado?
Quando tu, Pelourinho, deixarás de ser cruel?
José Gonçalves do Nascimento
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